NOVO QUARTEL É SONHO CONCRETIZÁVEL

Os Bombeiros Voluntarios de Fátima receberam num destes dias o jornal Bombeiros de Portugal quando já preparam, com afinco e brio, as comemorações do Dia do Bombeiro Português que, este ano, terão como palco, a 26 de maio, o concelho de Ourém e um dos cenários fortes a cidade santuário.
A situação difícil que o Pais atravessa dá o mote para apresentação desta instituição, onde a emigração também já colocou efetivos no quadro de reserva, uma situação que preocupa o comandante Gaspar Reis também sensibilizado com as questões de desemprego que começam a boicotar vidas de muitos dos seus operacionais. Ainda assim, garante que conta com um grupo coeso e empenhado, “gente muito boa e trabalhadora”, não muitos elementos mas, por agora, os necessários para assegurar o socorro aos habitantes de Fátima mas, também, aos milhares de visitantes que, durante todo o ano, visitam a cidade.
Nesta ótica, o presidente da direção, Alberto Caveiro, denuncia os perigos associados ao que designa de “selva de pedra”, com mais de 40 unidades hoteleiras e dezenas de outros equipamentos que acolhem muitos, muitos forasteiros.
As enormes concentrações de pessoas, não só nas peregrinações de maio e outubro, constituem a maior preocupação dos Bombeiros de Fátima, sempre atentos, sempre prontos a responder a qualquer situação.
O comandante justifica um alerta permanente com o facto de regularmente a população de cerca de 10 mil pessoas aumentar para 100 mil, isto sem ter em conta ocasiões especiais em que esse número é ainda mais elevado

“Em maio cai aqui o Carmo e a Trindade, temos bastante apoio operacional. O resto do ano, estamos por nossa conta e risco”, diz o comandante que revela fundados receios na gestão de multidões em caso de catástrofe, ou de um qualquer acontecimento que possa ser gerador de pânico.

Gaspar Reis declara que são muitas ocorrências verificadas nas grandes enchentes, normalmente associadas a indisposições momentâneas provocadas por falta de alimentação ou toma de medicamentos, ou ainda pelo cansaço de quem caminhou durante dias. O responsável operacional, bombeiro há quase 25 anos, garante que, a realidade de hoje, nada tem a ver com o passado quando os peregrinos chegavam ao santuário muito debilitados. Atualmente, refere, tudo é acautelado. A maioria dos grupos são acompanhados por médicos ou enfermeiros, res- peitam as horas de descanso e alimentam-se devidamente, por isso chegam a Fátima cansados, mas ainda com energia, devidamente preparados, para cumprir a última etapa de uma jornada de fé, participando nas cerimónias religiosas.

Numa outra vertente, o corpo ativo composto por 57 elementos dá, ainda, especial atenção à Serra de Aire e Can-
deeiros, “ciclicamente” fustigada pelo fogo, cada vez mais fora dos designados períodos críticos, por isso sem o apoio dos muitos meios disponibilizados pelo Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF).

“Estamos bem apetrechados, temos boas ambulâncias, mas preocupa-nos o facto de não termos uma autoescada mais moderna, mais apropriada à exigências do território que servimos, que nos permita dar uma resposta mais eficaz”, confidencia o presidente Alberto Caveiro, atento às necessidades do corpo de bombeiros, mas reconhecendo que, por agora, esse é uma investimento adiado, numa instituição que “vive ao cêntimo” e que nos tempos que correm não pode contar sequer com o apoio da autarquia que, tal como as congéneres de todo os Pais, “está presa à Lei dos Compromissos”.

Não obstante a grande atividade operacional, muito marcada pela emergência pré-hospitalar, a associação lamenta não poder dar melhores condições aos seus bombeiros, talvez por isso o grande projeto da direção dos Voluntários de Fátima seja a construção de um novo quartel.

“Não temos um quartel em condições, essa é verdade”, declara o dirigente.
O terreno está escolhido e o processo “bem encaminhado”, garante, mostrando-se esperançado que, ainda este ano, seja possível avançar com a obra, com o apoio da Câmara Municipal de Ourém e beneficiada por fundos comunitários. Enquanto o sonho não se concretiza, há sempre quem não hesite, mesmo sem grandes atrativos, em servir o lema “vida por vida”. O comandante fala aos jornalistas, com particular satisfação, das últimas duas escolas de estagiários que garantiram um reforço de 10 bombeiros, um número animador tendo em conta a reconhecida e propalada crise de voluntariado, que permite à associação com mais jovens no distrito de Santarém encarar o futuro com otimismo.

 

Fonte: Jornal do Bombeiro